Miss Minas

À medida que acordava juntamente com mais um belo dia de azuis no céu começava a sentir a realidade. Ouvia-se na rádio mais uma série de recortes de jornais vespertinos e despertei de vez quando o locutor presenteou a sua plateia com uma notícia, no mínimo, surreal. Não encontrando melhor maneira de o descrever, fiquemo-nos por aqui. Surreal. Ora, diz que para os lados do hemisfério sul, num país rico, muito rico de tanta coisa boa quanto má, desde o diamante à fome, passando pelo petróleo e acabando numa guerra antiga polvilhada em minas, resolveram fazer um concurso. É neste concurso e nestas minas que reside o cerne da questão. Não bastando a morbidez atroz que estes pequenos mas fatais instrumentos de guerra provocaram a milhares, quiçá milhões, de pessoas, temos agora um espectáculo não tão macabro, mas também muito rico, afinal de contas falamos de um país riquíssimo, em polémica. Enquanto abandonava o centro do mundo, onde o mito se confunde com o bonito, estarrecia ao ouvir que a vencedora (vencedora!?!?!) teria um magnifico prémio. A “Miss Minas” (belo eufemismo), sinceramente ficava-lhe melhor (ao concurso) o nome mais real de “Miss Perneta” ganhará uma prótese. Não sei se sou eu que não percebo nada disto, mas quer se dizer… Haja vergonha!