Como todos sabem (ou se não sabem, deveriam saber), eu tenho uma profissão interessantíssima que consiste na leitura dos mais variados jornais regionais deste país. Quem não gostaria de passar o dia a obter informações do género "Coito Pita (sim, existe mesmo uma pessoa com este nome, no Governo Regional da Madeira, se não estou em erro - que sou bem capaz de estar) apela à calma no PSD-M", ou "Larápios furtam carteira a idosa de Mafamude"? Quase toda a gente, suponho. Como deverão imaginar, o meu dia-a-dia é verdadeiramente emocionante, pejado de adrenalina. Hoje, porém, deparei-me com a situação mais excitante desde que iniciei as minhas funções na empresa. E perguntarão vocês "Pete, não queremos realmente saber o que aconteceu, porque não te calas?" Contudo, no evento de quererem realmente perguntar "Mas afinal, o que aconteceu?", tenho a dizer-lhes que caiu um foco de luz, daqueles bem pesadinhos, que passou a escassos centímetros da minha cabeça. Após este acontecimento, tomei também conhecimento de que um colega meu, há uns meses atrás, ia sofrendo um acidente parecido, quando uma das placas de metal que compõem o tecto decidiu iniciar-se na prática da queda livre e lhe fez um ventinho no cabelo (tipo ninja). Nunca na vida me passaria pela cabeça que teria de me sujeitar a estas armadilhas, na minha senda pela leitura dos jornais regionais. Sinto-me um verdadeiro Indiana Jones do salário mínimo (acho que vou arranjar um chicote).
Desta feita, tenho um favor importantíssimo a pedir aos meus amigos aqui do burgo: caso o pior suceda mesmo comigo (ou o melhor, dependendo do vosso ponto de vista) não deixem que escrevam na minha lápide algo como "Faleceu no cumprimento do dever, enquanto lia a Comarca de Arganil", ou "Ainda chegou à página 12 do Campeão das Províncias antes de sucumbir".
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